sábado, 17 de março de 2012

Cinzas e regadores.



O medo encara minha face.
Debocha da minha incapacidade.
Ri das lágrimas que representam fraqueza ao serem derramadas.
Olho para o chão.


Ando pelo jardim à procura do regador.
Melhor do que andar procurando um amor que nunca vai vim.
Jogo a mangueira no chão, tapo minhas orelhas com as mãos.


É ele, ele está gritando pra mim: Frouxa, medrosa! Não vai conseguir... haha - oh medo...


Tiro as mãos da cabeça. Desligo a torneira. Subo as escadas enquanto as lágrimas escorrem na minha face e não encontro coragem pra secá-las inutilmente.


Pego aquele velho baú.
A velha carta que você me deu.
"Por que ainda guardo ela?" - pergunto a mim mesma.
Esqueiro na gaveta, finalmente utilidade pra ele: Queimar as palavras de ilusão, que um dia fui capaz de acreditar. 


Cinzas jogadas pela janela, a cor cinza no céu também predomina. Além da minha vida, além do meu coração, além da minha mente. O céu também está cinza...
Ultima lágrima cai.
Alivio e corpo fora de tensão.
Respira fundo, passa a mão no cabelo, desce as escadas bem devagar.
Olha: o sol voltou outra vez!
O que eu estava fazendo mesmo? - Ah,achei o regador.

quinta-feira, 15 de março de 2012

A morte da minha alma



Não penso em deixar as poucas pessoas que me amam, tristes.
Não quero causar um vazio.
Não quero ver, sem ser vista. Ver toda a dor e sofrimento que eu poderia não ter causado.
Apenas acho que a vida já se tornou insignificante para alguém que já sabe que tudo isso não passa de um teste psicologicamente incorreto.
Não me entenda mal, por favor. Não quero tirar-me a vida. Quero tirar essa dor mascarante que me possui.
Talvez todos passem por isso um dia, agente sempre se cansa do óbvio.
Estamos aqui para viver alegrias e tristezas. Alegrias e tristezas, tristezas e alegrias. Como diz meu professor de matemática, assim como os números isso segue sucessivamente.
Até encontrar-mos o refúgio de paz. Ou talvez a dor que nos levará a morte.
Me encontro agora no estágio de tortura da alma, de pertubação mental, de lembranças cruéis, das lágrimas salgadas e das noites não dormidas pelo fato de minha mente estar sendo manipulada.
Mas por que me encontro aqui? 
-Todo meu estado de alegria foi gasto na infância. Agora só resta a amargura da vida cortante e sem piedade
Agora contra minha vontade me descabelo e sofro novamente o que me passou a dias atrás, a humilhação e falta de coragem para encarar tudo isso e mais um pouco de cabeça erguida.
Mas o que posso fazer? Sou frágil e de alma amargurada e morta.
Fria, admiro o céu cinza enquanto o outono em forma de folhas caem e me banham com a brisa tranquila.
E é assim que a morte da alma é executada, em paz e ao som de um piano de calda.


O sangue se despede do meu corpo. As lágrimas lavam o sangue. E assim sucessivamente. 

quarta-feira, 14 de março de 2012

Eu e o espelho.





Obrigado pela dor, pois sei que ela não durará pra sempre como seu arrependimento de me fazer senti-la. 
Deixe eu me afundar mais, em choro e pranto; afinal você nem se importa mesmo.
 Pise e esmague meu coração, mas também, beba o sangue amargo e sinta toda minha dor. 
Depois vá, não me ajude a levantar, eu saberei fazer isso sozinha.


 Por fora, pareço bem, mas por dentro sou como cacos de espelho: frágil, iludida e sem conseguir encarar mais a ninguém.
Esse espelho a quem me comparo já chora junto comigo.
Lamenta minha dor. Quer ver novamente a menina doce e apaixonada.
Mas será impossível retê-la depois de tanto estrago e decepção.
Como o espelho depois de quebrado: você pode tentar colar, mas sua imagem refletida nele não será mais a mesma.
Essa sou eu agora, vendo o lápis escorrer junto com as minhas lágrimas. Lavarei você meu espelho. 
Espelho, espelho meu...

quarta-feira, 7 de março de 2012

A noite anterior e suas ligações.



Acordo com o som de uma ligação. Perco-a. 
-que horas?- 04:37 da manhã! 
Largo o celular me ajeito na cama. Fecho os olhos por 5 segundos e abro-os em seguida. Sei que não vou conseguir dormir.
Olho pelo vidro da janela o sol levantar devagar. Penso nas conversas da noite anterior.
Não aguento de ansiedade e levanto da cama, vou no banheiro, me olho no espelho - séria e depois deixo escapar um sorriso. Não lembro mais onde fica a Oceania, na aula de geografia minha mente vaga nas conversas da noite anterior. 
Olho o celular - uma chamada perdida - Droga!
A caminho de casa pensando naquela conversa...
Finalmente nos encontramos, olho no olho, pensamentos iguais. Interrompidos.
Um adeus não dado e mais uma chamada perdida. Depois uma chamada aceita, conversas baseadas nas conversas da noite anterior. Borboletas no estômago, minha perna balança sem o meu consentimento.
E tento adormecer, com os pensamentos fixos na conversa da noite anterior.
 Por que?
Afaste-se de mim, nem que seja um minuto!